Retrospectiva 2012 – Os 12 filmes que você deveria ter visto (mas não viu) este an
Janeiro - “O Espião que Sabia Demais”
Tomas Alfredson reuniu o dream team do cinema britânico, contando com Gary Oldman, Toby Jones, Mark Strong, Benedict Cumberbatch, Tom Hardy e Colin Firth, para uma ótima história de espionagem e traições. A fotografia pastel e o clima soturno e sério, sem concessões ou alívios cômicos desnecessários, deram o tom de um dos melhores lançamentos do ano. E talvez dos próximos também.
Felizmente, o custo de produção foi baixo o suficiente para que a equipe conseguisse justificar uma continuação.
Fevereiro – “Drive”
O trailer vendia um filme cheio de perseguições e adrenalina. Mas ao invés de vermos um longa em que um piloto de fugas faz manobras insanas, como “Velozes e Furiosos”, vimos este mesmo piloto tentando domar seu ímpeto de violência ao mesmo tempo em que se apaixona, lenta e lindamente, por uma vizinha. Tudo com uma ótima trilha oitentista.
(Este filme estreou em março, oficialmente. Mas como adiaram a estreia desde janeiro, e como essa lista precisa ser fechada, conto com a compreensão do leitor.)
Março – “Shame”
Michael Fassbender, o ator do ano, interpreta um homem que luta contra sua compulsão sexual. Sua vida, relativamente discreta, acaba de pernas para o ar quando sua irmã aparece para uma visitinha. E dá-lhe cenas de masturbação e sexo (entrecortadas com algumas corridas noturnas, para extravasar). Filme dos mais honestos sobre um tema relativamente pouco explorado.
Abril – “Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios”
Se a bela direção de atores de Beto Brant, ou a fotografia do norte do país, ou o texto original de Marçal Aquino não conseguiram atrair público, era de se imaginar, pelo menos, que as intensas cenas de sexo entre Camila Pitanga e Gustavo Machado o fizessem. Nada nisso. Estreia em circuito limitado e pouca bilheteria para um dos melhores filmes nacionais do ano.
Maio – “Flores do Oriente”
Nem a presença de Christian Bale, o Batman em pessoa, levou as pessoas para o cinema, para a triste história de um ocidental que acaba ajudando um grupo de mulheres no meio do massacre de Nanquim. Pese que a direção é de Zhang Yimou, dos belíssimos “Herói” e “O Clã das Adagas Voadoras”.
Junho – “O Deus da Carnificina”
Roman Polanski faz, aqui, seu melhor filme desde “O Pianista” (mesmo colocando na conta o ótimo thriller “O Escritor Fantasma”). Neste, dois casais, John C. Reilly e Jodie Foster e Christopher Waltz e Kate Winslet, discutem, cada vez de forma menos amistosa, sobre um incidente envolvendo seus filhos. Aos poucos toda a hipocrisia da civilização ocidental começa a ruir.
Julho – “Na Estrada”
Aparentemente, há uma relação inversamente proporcional entre a qualidade do trabalho de Kristen Stewart e bilheteria. Só isso justifica que seu olhar branco em “Crepúsculo” e “Branca de Neve e o Caçador” tenha rendido tanto e seu esforço sincero como Marylou em “Na Estrada” tão pouco. Fora as atuações apaixonadas de Garrett Hedlung e Sam Riley na adaptação do texto clássico de Jack Kerouak dirigida pelo brasileiro Walter Salles.
Junho – “À Beira do Caminho”
Mensagens de parachoques de caminhão, músicas do Roberto Carlos e uma relação entre pai e filho inesperada são os ingredientes para esse belo trabalho de Breno Silveira. Como é um filme nacional que carrega nos dramas, evitando o humor fácil, era esperado mesmo a baixa adesão do público brasileiro.
Setembro – “Cosmópolis”
Nem a presença de Robert Pattinson atraiu o público. O que era de se esperar, já que o filme é dirigido por David Cronenberg, baseado no livro homônimo de Don DeLillo, que critica tanto o modo de acumulação de capital insano (em que gente não produz nada e consegue ficar milionário), quanto as nossas hipocrisias.
Outubro – “Moorise Kingdom”
Sem filmar nada desde “O Fantástico Senhor Raposo”, Wes Anderson voltou com tudo este ano, contando a história de amor entre duas crianças que acabam fugindo para viver sua “Lagoa Azul” particular. No elenco, seus comparsas de sempre, como Bill Murray e Jason Schwartzman, além de novos companheiros como Bruce Willis e Edward Norton. Tudo com as lindas cores e trilhas sonoras que só Anderson consegue colocar em um filme.
Novembro – “Holy Motors”
Dizem que críticos respeitáveis, em Cannes, depois de uma ovação de dez minutos a Leo Carax e seu “Holy Motors”, admitiram não ter entendido nada, mas que se sentiram profundamente tocados pelo filme. Esse tipo de honestidade, vinda de um crítico, figura tipicamente arrogante em relação a suas ideias, já vale o filme. Sua estrutura fragmentada, com um personagem que assume várias existências ao longo de sua trajetória, o justificam.
Dezembro – “O Impossível”
Na última semana do ano, estreou o belo e triste “O Impossível”, que acabou eclipsado por “O Hobbit” e “As Aventuras de Pi”. Pelo menos, neste caso, os outros dois filmes são bons. Ainda assim, a história real da família que resistiu ao tsunami na Tailândia, e que lutou para sobreviver e se reencontrar no caos instaurado pela fúria da natureza, é um dos filmes mais urgentes e necessários da temporada.
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